Diário de Mercado na 4ª feira, 21.12.2016
Dado favorável de inflação doméstico trouxe dia positivo ao mercado doméstico.
Rafael Reis, CNPI-P
Em meio a uma semana que precede as festividades de Natal e Ano Novo e, portanto, de reduzida atividade nos mercados, a divulgação pela manhã de dado inflacionário doméstico melhor do que o esperado pelos agentes trouxe um viés de alívio e movimentou sobretudo a curva de juros futuros e o dólar.
O dia mais leve, também devido à ausência de noticiários de impacto negativo no exterior precede no entanto a divulgação do RTI – Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, documento que traz um compilado da visão da autoridade monetária acerca do andamento do ambiente econômico bem como suas novas projeções para 2017 e 2018.
Ainda na quinta-feira, a divulgação de importantes dados norte-americanos como o PIB e inflação são capazes de modificar o viés dos agentes e recalibrar suas apostas para a virada do ano.
No âmbito do mercado de ações, o dia foi, como já esperado para esta época do ano, de reduzida liquidez e volatilidade A divulgação do IPCA-15 melhor do que o esperado trouxe algum alento e, refletindo um possível espaço maior para cortes na Selic nas próximas reuniões do Copom, os setores de consumo e concessões, dois dos mais sensíveis a juros internos, capitanearam as boas performances da sessão da quarta-feira, ainda que contrabalançados por movimentos opostos de setores como o de energia elétrica.
Ibovespa
O índice Bovespa (IBOV) operou próximo à estabilidade praticamente ao longo de toda a sessão, findando aos 57.647 pts (+0,11%) com a bolsa movimentando no mercado à vista, preliminarmente, R$ 5,2 bilhões.
Capitais Externos na Bolsa
No último dado disponível, em 19 de dezembro, a bolsa brasileira registrou saída líquido de capital externo da ordem de R$ 50,4 milhões, elevando o acumulando negativo no mês a R$ 837,9 milhões. Em 2016, o fluxo estrangeiro é positivo em R$ 14,16 bilhões no ano.
Agenda Econômica
Na agenda econômica, internamente, o destaque ficou por conta da divulgação do IPCA-15 (IBGE), considerado uma prévia do IPCA, este último o indicador oficial de inflação ao consumidor nacional.
Nos 30 dias terminados em 15 de dezembro a inflação medida foi de 0,19%, não apenas desacelerando ante os 0,26% do mesmo período de novembro e vindo abaixo do esperado pelo mercado, na mediana em 0,29%, mas marcando a menor inflação para o período desde 1998.
Com o dado, o IPCA-15 do ano finalizou com uma alta de 6,58%, e espera-se que o IPCA, a ser divulgado no início de janeiro venha ainda menor, trazendo a inflação oficial do ano para dentro do limite superior da banda de tolerância inflacionária do governo federal, em 6,5%.
Com as sucessivas leituras denotando enfim uma consistente descompressão inflacionária desde outubro, crescem as apostas do mercado em cortes menos tímidos na Selic nas próximas reuniões do Copom.
Copom
Acreditamos neste momento em um corte de 50 pontos-base na próxima reunião, a ser realizada em 11 de janeiro, entendendo que o Copom vislumbrará espaço para um corte maior, mas optará por um movimento parcimonioso tendo em vista as incertezas geradas pela ascensão de Trump à Casa Branca, que começarão a se dissipar apenas a partir do dia 20/01, com sua efetiva posse.
Juros
No mercado de juros, o viés da possibilidade de corte mais agressivo na Selic em um futuro próximo materializou-se com firme recuo dos vencimentos ao longo de toda a estrutura a termo da curva de juros, em especial nos mais longos, que caíram significativamente.
Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar comercial (interbancário) fechou cotado a R$ 3,3290 (-0,80%). A moeda norte-americana perdeu força perante a maioria dos pares no mercado cambial global nesta quarta-feira, sendo ante o real o movimento ainda mais significativo dada melhoria na curva de juros consequência do dado favorável do IPCA-15 e favorecido ainda por uma pausa nas turbulências políticas. O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou em 283 pts, ante 284 pts da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análsie do comportamento do mercado nesta 4ª feira, 21.12.2016, elaborado por Rafael Reis, CNPI-P, do BB Investimentos
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